O Globo
Se você não gosta de pernilongos, imagine uma espécie de inseto
voador cuja fêmea pode atingir 20 vezes o tamanho de um mosquito comum.
Pior que isso, tem um ferrão capaz de atravessar uma camisa e fincar na
pele produzindo uma dor descrita pelas vítimas como a de uma facada.
Pois o bicho existe, tem nome científico de Psorophora ciliata,
e está previsto para superpovoar feito praga o estado americano da
Flórida no verão do Hemisfério Norte, que começa junto com nosso
inverno.
A espécie é comum em toda a costa leste americana, mas as
chuvas tropicais registradas ao longo do ano na região criaram o
ambiente ideal para a proliferação do mosquito, que tem o nome popular
de gallinipper. Os ovos do mosquito se desenvolvem nas mesmas condições
do Aedes aegypti, por exemplo, que transmite a dengue. Consegue
sobreviver por vários meses e precisa de poucos dias de água parada e
limpa para virar larva. Entomologistas da Universidade da Flórida
acrescentam que a última temporada de furacões, especialmente a passagem
do furacão Debby, criou escombros o suficiente para empoçar a água
limpa de que o mosquito tanto precisa.
Mas gallinipper que mereça
este nome consegue ser vilão também entre os insetos. Sua espécie é uma
das poucas descritas que, quando larva, é predadora de outras larvas que
estiverem pelo caminho. As fêmeas da espécie Psorophora ciliata
costumam pôr seus ovos no solo à beira de lagoas, córregos e outros
corpos d´água que transbordam quando há chuvas fortes. As larvas somente
nascem quando os ovos estão em água.
A espécie foi descrita pela
primeira vez nos Estados Unidos em 1897 e está presente no folclore
local e em cantigas como um mosquito de “mordida aterrorizante”. Foi
considerada em sua primeira descrição científica como o inseto mais
“recolhido, astuto, sério e venenoso de todos”. Apesar da mistura de
adjetivos, o mosquito não é considerado venenoso.
As fêmeas de Psorophora ciliata
podem chegar a quase 1,5 centímetro de comprimento e é listrada como
uma zebra, em preto e branco. Apenas as fêmeas picam para sugar o sangue
de animais, do qual retiram a proteína que precisam para seus
descendentes. Os machos, menos ferozes, sobrevivem sugando néctar de
flores.
A recomendação para evitar a ameaça do gallinipper é
vestir calças e camisas com mangas compridas. Alguns entre a espécie de
mostraram resistentes a repelentes, por causa do tamanho.
Apesar
de tudo, fora a dor de sua picada, o bicho não representa uma ameaça à
saúde pública, pois não são vetores de doenças. Neste caso, o nosso
Aedes aegypti é muito mais aterrorizante e letal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário