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sábado, 11 de maio de 2013

100 anos de Bota x Fla: o Clássico da Rivalidade e de goleadas históricas

Por Alexandre Alliatti, Diego Rodrigues e Márcio Mará Rio de Janeiro
gloesporte.com 

Header-Materia_100anos_FLAxBOTA (Foto: Infoesporte)

No campo, tudo começou no dia 13 de maio de 1913, no estádio de General Severiano, quando Botafogo e Flamengo se enfrentaram pela primeira vez numa partida de futebol. O gol do atacante  chamado Mimi, aos 26 minutos da etapa inicial, dava a vitória alvinegra ao confronto. O Flamengo só venceria o rival dois anos depois, em 1915. Ao longo dos anos, a rixa construída acabou emprestada à alcunha nem tão conhecida assim. Mas o Clássico da Rivalidade já existia no remo, desde o fim do século 19. E por causa de mulher. Os jovens dos bairros de Flamengo e Botafogo, situados na Zona Sul do Rio e vizinhos, duelavam pelas garotas mais bonitas.
Eu dizia que era bicho garantido, e a gente ganhava o jogo"
Autor
Levavam vantagem pelo físico os remadores do Grupo de Regatas Botafogo - depois Club de Regatas Botafogo, fundado em 1894, que em 1942 se juntou ao Botafogo Futebol Clube, criado em 1904, para originar o atual Botafogo de Futebol e Regatas. Os garotos rivais resolveram reagir e criaram o Grupo de Regatas do Flamengo, em 1895, depois Clube de Regatas do Flamengo, que em dezembro de 1911 abriu as portas para o futebol ao receber os rebelados do Fluminense.
É. Flamengo e Botafogo se interligam em suas histórias. O mais curioso de tudo é que, antes de formarem times de futebol, deram o pontapé inicial no esporte com um amistoso... Na verdade uma pelada entre os remadores. Foi em 25 de outubro de 1903, antes da fundação do Botafogo Futebol Clube. O time, formado por W. Schuback, C. Freire e Oscar Cox; A. Shorts, M. Rocha e R. Rocha; G. Masset, F. Frias Júnior, Horácio Costa Santos, N. Hime e H. Chaves Júnior, goleou o Flamengo por 5 a 1 no campo do Paysandu. Alguns dos atletas alvinegros, como Oscar Cox, integrariam depois o time de futebol do recém-fundado Fluminense. Que depois sofreria uma ruptura e originaria o do... Flamengo.
O centenário da rivalidade, que será completado nesta segunda-feira e começa a ser contado pelo GLOBOESPORTE.COM neste sábado, é feito de goleadas históricas, grandes craques e muita emoção. Dá para montar uma seleção mundial dos dois clubes: Manga, Carlos Alberto Torres, Leandro, Domingos da Guia, Nilton Santos, Junior, Marinho Chagas, Andrade, Didi, Zizinho, Gerson, Adílio, Zico, Garrincha, Heleno, Jairzinho, Romário, Leônidas da Silva, Paulo Cezar Caju, Amarildo, Quarentinha, Zagallo, Bebeto, Adriano, Loco Abreu, Silva Batuta, Almir, Dida, Túlio Maravilha, Donizete, Perácio, Nilson Dias, Gil, Dirceu, Mendonça, Doval, Nunes, Maurício, Nilo Murtinho, Nonô, Carvalho Leite, Moderato, Joel, Fischer, Mozer, Rubens, Bruno, Jefferson, Dodô, Léo Moura, Seedorf, Lodeiro...

botafogo x flamengo centenário mosaico 2 (Foto: Editoria de Arte)No sentido horário, grandes personagens do clássico: Manga. Zico, Didi e Zagallo com o Bota de 1961-62, depois Túlio Maravilha, Seedorf, Loco Abreu, Bruno, Léo Moura, Adriano, Romário (Foto: Editoria de Arte)
 
Botafogo e Flamengo decidiram cinco vezes o Campeonato Carioca (1962, 1989, 2007, 2008 e 2009) e apenas uma vez o Brasileiro (1992). Em 2010, o time alvinegro ganhou os dois turnos, o segundo em cima dos rubro-negros com o gol de pênalti de cavadinha de Loco Abreu, e a partida não conta nas estatísticas como final. Mas não foram apenas nas decisões os momentos mais marcantes. O clássico tem uma história de euforia e dor de duas goleadas - uma para cada lado - por 6 a 0 num espaço de nove anos, entre 1972 e 1981. E mostra um equilíbrio tão grande de forças a ponto de uma vantagem em vitórias ser invertida com o tempo.

O 'bicho certo' de Manga
No 3 a 0 do Garrincha eu fui. Três gols dele. Era um timaço. Por causa dessas coisas, eu sempre queria ganhar do Botafogo"
Zico, ídolo
do  Flamengo
Por muitos anos os rubro-negros foram fregueses de carteirinha dos alvinegros. A ponto de, nos anos 1960, década em que o Botafogo montou dois timaços, o goleiro Manga, um dos principais personagens da equipe bicampeã carioca de 1961-62, base da Seleção bicampeã do mundo no Chile, declarar sempre às vésperas das partidas que gastaria o bicho antecipadamente, porque "jogar com o Flamengo é bicho certo".
- Eu dizia que era bicho garantido, e a gente ganhava o jogo. Era uma brincadeira que fazia. E o Botafogo tinha grandes jogadores, como o Amarildo. Mas tínhamos consciência que era difícil enfrentar o Flamengo durante os noventa minutos - afirmou Manga, hoje com 76 anos, um dos primeiros a encarar com bom humor a rivalidade.
Manga, que hoje vive no Equador, citou apenas o Possesso, como era conhecido Amarildo. Mas o time tinha mais. Muito mais. Tinha Garrincha, que fez algumas de suas maiores exibições contra o Flamengo. Principalmente na decisão carioca de 1962, quando marcou os três gols da vitória por 3 a 0 (na súmula, um dos gols foi dado a Vanderlei, contra, mas nos tempos de hoje seria certamente conferido para o Mané).
- Raramente vi derrota para o Botafogo, mesmo naquele tempo. Porque eu não ia também (risos). Mas no 3 a 0 do Garrincha eu fui. Três gols dele. Um foi meio contra, a bola bateu no Vanderlei. Era um timaço. A linha era Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Pampollini no gol... Por causa dessas coisas, eu queria sempre ganhar do Botafogo. Tinha a freguesia, por causa do Manga. Quando você é torcedor, sente mais. Ele chegava sempre e dizia "Vou gastar o bicho na véspera." E eles iam lá e ganhavam mesmo - afirmou Zico, maior artilheiro do Flamengo no clássico, com 20 gols, e o grande responsável pela geração que inverteria a "freguesia" nos anos 1980.

Jairzinho gol Botafogo Flamengo Centenário (Foto: Arquivo / Agência O Globo) 
Jairzinho marca um dos três gols na goleada por 6 a 0 do Botafogo sobre o Flamengo em 1972. Furacão do tri em 70 é um dos carrascos do Rubro-Negro, com 16 gols em 35 partidas (Foto: Arquivo / Agência O Globo)
 
A letra do Furacão nos 6 a 0
Foi um momento especial. O gol de letra foi um recurso. Não houve má intenção"
Jairzinho, ídolo alvinegro
Zico jamais escondeu que era com o Botafogo a sua maior rivalidade. Principalmente após os 6 a 0 do dia 15 de novembro de 1972. Dia do aniversário do Flamengo, que completava 77 anos. a partida era pelo Campeonato Brasileiro. Na época, já juvenil, não foi aproveitado nessa partida pelo então técnico Zagallo. E o massacre alvinegro foi tão grande que teve até gol de letra, marcado por Jairzinho, autor de mais outros dois.
- Foi um momento especial porque o Botafogo era melhor. E tinha jogadores campeões mundiais. O gol de letra foi um recurso. Aconteceu a jogada do Zequinha. Cheguei atrasado, e a bola passou pelo meu posicionamento. Fiz o que podia, e o movimento acabou em gol. Mas não houve má intenção. Queria era ter sucesso na carreira, ser útil para a Seleção. Ganhei uma Copa, hoje sou coroado, o único a marcar em todos os jogos. Tive o apelido de Furacão, a Europa me consagrou como melhor jogador de 70. Meu objetivo era chegar ao máximo do estrelato, e cheguei. Não tinha essa coisa de rivalidade. Sempre tive muito respeito pelos adversários - afirmou Jairzinho.

Andrade gol Flamengo Botafogo Centenário (Foto: J. Marinho / Arquivo Agência O Globo) 
Andrade marca o sexto gol, e Flamengo devolve o 6 a 0 ao Botafogo em 1981: geração de Zico, Nunes e Cia. inverte a 'freguesia' no número de vitórias (Foto: J. Marinho / Arquivo Agência O Globo)
 
Andrade, vingador da camisa 6
A partida teve sabor especial para o torcedor alvinegro, que durante anos estendia a faixa no Maracanã a cada clássico com o rival: "Mengo, nós gostamos muito de vo6." Um deles, de longe, torceu como nunca naquele jogo pela TV. Em Minas, o garoto Jorge Luis Andrade sonhava pisar um dia no Maracanã e seguir a carreira dos ídolos. Só não poderia imaginar que, nove anos depois, seria personagem do troco, do jogo da vingança. Volante do Flamengo campeão mundial, da Libertadores e daquele carioca de 1981, quando marcou o sexto gol da goleada rubro-negra por 6 a 0. Com a camisa 6. 
Na hora, você entra em órbita. É como se estivesse só no deserto. É como ganhar na loteria sozinho"
Andrade,
ídolo do Fla
- Eu torcia para o Botafogo lá em Minas. Era o time sensação da época, com o Jairzinho e todos aqueles craques. Todo mundo gostava de ver. Lembro de alguns detalhes daquele jogo, do último gol do Jairzinho, de letra. Mas cheguei muito cedo ao Flamengo. Fiquei na base 15 anos, mais dez como profissional, mais oito como funcionário. Aí essa relação muda completamente. E aquele jogo representou  muito para a torcida e para nós, jogadores. Tinha aquela faixa velha, rasgada: "Nós gostamos de vo6." A grande forma de o botafoguense sacanear era aquele 6 a 0. A grande vontade era devolver. Aquela faixa sumiria, como realmente sumiu. Hoje, você não ouve nenhum botafoguense dizer isso. O que fica é a última.
Andrade jogou também na vitória rubro-negra de 6 a 1 em 1985, também pelo Brasileiro, quando o grande personagem foi o lateral-esquerdo Adalberto, autor de dois gols. Mas a partida de 1981 é muito mais lembrada. E o eterno camisa 6 disse que o time só pensou em devolver a goleada de 1972 no intervalo, quando virou vencendo já por 4 a 0. Era a chance, segundo o ex-jogador, de o time "lavar a alma da torcida".
- Com tanto artilheiro em nossa equipe, fui o "escolhido" para fazer o sexto gol. Sempre fiz alguns de fora da área. Numa jogada antes, tinha dado um chute. Até brinquei que foi só para aquecer. Depois, foi numa jogada bem típica do Flamengo, com troca de passes. Ela dá uma quicadinha antes e eu acerto de bate-pronto. Foi só alegria. Na hora, você não pensa. Entra em órbita. É como se estivesse sozinho no deserto. É como ganhar na loteria sozinho. Eu corri pro lado oposto ao túnel. Em vez de correr pra geral, corri pro outro lado. Foi mais um título para nós.

Maurício gol Botafogo Flamengo 1989 Centenário (Foto: Marcos André Pinto / Arquivo Agência O Globo) 
Maurício leva a melhor sobre Leonardo, faz o gol e dá o título carioca de 1989 ao Botafogo, quebrando jejum de 21 anos sem título: momento histórico no Maracanã (Foto: Marcos André Pinto / Arquivo Agência O Globo)
 
Maurício e a camisa 7
Se Andrade lembra até hoje com emoção do sexto gol do jogo da vingança, o que dizer do alvinegro Maurício? Oito anos depois da catarse do ex-volante rubro-negro, o ex-ponta-direita do Botafogo viveu também a sua no Maracanã ao livrar o clube do jejum de 21 anos de títulos justamente numa decisão de Carioca com o rival. E foi uma das finais mais emocionantes da história do estádio. O Flamengo era treinado por Telê Santana e ainda tinha Zico. Aos 12 minutos do segundo tempo, o camisa 7 livrou-se de Leonardo e mandou para o fundo das redes.
- É uma data que ficou marcada não só para os botafoguenses, mas para o Maracanã. Foi uma decisão em que os torcedores do Fluminense torciam para o Botafogo, os vascaínos também. Foi uma emoção generalizada, não só para os botafoguenses, mas para todos. Um cara beijou meu pé dia desses no shopping. Outro me disse que pôs o nome do filho como Maurício por minha causa. São coisas de que a gente só tem noção com o passar dos anos. Foi uma conquista muito grande. Tive amadurecimento, fui para a Espanha, fui para a Seleção, tudo por causa do Botafogo.
No vestiário, Nilton Santos estendeu as mãos, me abraçou e disse: "Filho,  o Garrincha vai estar com você."
Maurício, ídolo
do Botafogo
Campeão também no Internacional e no Grêmio, depois na Coreia, Maurício, botafoguense declarado, afirmou que nada se compara a ganhar um título com a camisa 7 alvinegra vestida um dia por Mané Garrincha. E, ao contar a história que teve com Nilton Santos naquela quarta-feira de 21 de junho de 1989, não escondeu o choro de emoção, mesmo por telefone.
- Esse título para mim marcou a história. Eu estava febril. Não pude tomar nenhum tipo de medicação. Na terça-feira, fiquei mal. Na quarta, falei que não ia jogar. Meus companheiros falaram: "Nós vamos jogar por você. Você tem que estar no campo. Você faz gol contra o Flamengo". Isso foi de uma importância muito grande. Valorizou muito. foi aquele senso de grupo. E, para minha vida, o grande personagem foi o Nilton Santos. Quando cheguei ao vestiário, ele me viu, estendeu as mãos, me abraçou e disse: "Filho, Mané Garrincha vai estar com você."

Show  e desabafo do Mané
Parecia realmente que Garrincha estava naquela camisa 7 em 1989. Tal como em 1963, quando o Mané teve uma das maiores atuações de sua carreira - por sinal, uma das últimas antes da decadência originada, principalmente, pelas sucessivas lesões e o álcool. E, curiosamente, naquela ocasião, ao contrário da euforia de Maurício, o Mané fez um desabafo ao "Jornal do Brasil" após a partida, em resposta às críticas dos torcedores e da crítica.

Centenário Flamengo x Botafogo - GArrincha (Foto: Agência O Globo) 
Garrincha é um dos grandes personagens do
clássico Bota x Fla (Foto: Agência O Globo)
 
- Acho que foi a primeira vez que fiquei inteiramente livre de tratamentos e fiz todo o treinamento normal do time. Entrei em campo para ganhar o jogo e tenho a certeza que fui bem. Hoje, até os que já não acreditavam em mim estão me empurrando de novo para o pedestal. Fico contente, é lógico, mas como sempre não me considero melhor do que ninguém. Faço o que posso. Tenho meus títulos e deles me orgulho muito, mas aprendi uma coisa: ser ídolo é um engano. Não há nada mais falso. Os que hoje erguem vivas, amanhã, com mais facilidade, apedrejam. A mim não escondo, me feriram e muito. Mas tudo já passou. Peço apenas, que de agora em diante, ao menos respeitem minha vida particular. E quero que todos saibam que nunca, nem no passado nem no futuro, deixarei de dar todo o meu melhor esforço para a glória do Botafogo. Repito o que tenho dito muitas vezes: estou bem no Botafogo, nunca pedi para ser vendido, nem fiz exigências descabidas - afirmou Garrincha, na época.

Centenário Flamengo x Botafogo - Junior 1992 (Foto: Agência Estado) 
A corrida desengonçada, como um garoto:  Junior comemora o primeiro gol do empate por 2 a 2 que garante o pentacampeonato brasileiro ao Fla na final contra o Botafogo (Foto: Agência Estado)
 
O penta do Vovô Junior

Anos depois, Garrincha vestiria a camisa rubro-negra, mas sem o brilho de antes. Ídolo alvinegro, ídolo do mundo, jogou 38 clássicos contra o Flamengo. O mesmo número de Zico. Os dois só perdem para Nilton Santos, que disputou 40, e Junior, com 41, o recordista de jogos, que viveu uma de suas maiores emoções na única final de Brasileiro entre os dois clubes, em 1992. Com 38 anos, foi o grande comandante em campo da equipe que venceu a primeira partida por 3 a 0 e depois empatou a segunda por 2 a 2, resultados que garantiram o penta brasileiro.
Dava para perceber o clima pela comemoração no gol. Corri desengonçado de tanta emoção"
Junior,
ídolo do Fla
Nesse jogo, houve uma tragédia momentos antes de os times entrarem em campo. As grades que ficavam no primeiro degrau das arquibancadas cederam. Muitos torcedores do Flamengo caíram. Três pessoas morreram e 90 ficaram feridas. Depois, o jogo foi realizado normalmente. E o time rubro-negro foi campeão.
- Acho inclusive que o 2 a 2 foi mais emocionante que o 3 a 0. O Maracanã era todo rubro-negro, até pelo resultado da primeira partida. Dava para perceber o nosso clima pela minha comemoração no gol de falta. Corri todo desengonçado de tanta emoção.

Heleno alvinegro, Zagallo dividido
Junior perdeu um gol feito, mas isso dificilmente acontecia com Heleno de Freitas num Botafogo x Flamengo. O polêmico atacante, destaque do time nos anos 1940, é o maior artilheiro do clássico, com 22 gols e atuações épicas, como a que marcou quatro gols na vitória por 6 a 4, em 1946. Mas nunca foi campeão com a camisa alvinegra. Coisa que não aconteceu com Mario Jorge Lobo Zagallo.
Tricampeão carioca pelo Flamengo em 1953-54-55 como ponta-esquerda ao lado de Joel, Dida, Evaristo e Rubens e com dois Cariocas como treinador, em 1972 - quando tinha Doval e Paulo Cezar Caju - e em 2001 - contando com Petkovic e Edilson -, repetiu a dose no Botafogo. Na ponta esquerda do mítico time do começo dos anos 1960, formava a linha com Garrincha, Quarentinha e Amarildo e sagrou-se bicampeão carioca em 1961-62. Depois, foi o treinador no outro bi carioca na mesma década, em 1967-68, quando Gerson, Jairzinho, Paulo Cezar Caju, Roberto Miranda, Rogério e Sebastião Leônidas eram os outros craques.  Mas quando perguntam para que time torce, sai pela tangente.
- Eu sou seleção brasileira. Sempre tive um ambiente muito grande no Flamengo e o outro grande no Botafogo. Sendo que no ambiente do Botafogo eu atravessei as duas grandes fases como jogador e como treinador. A minha vida como treinador eu comecei no Botafogo. Foi até o doutor Nei que me convidou para seguir o caminho de técnico. Foram os dois grandes clubes. Mas sempre que me perguntam, eu digo: “Sou os dois.” Minha vida foi Seleção.

Romário, Túlio, Loco Abreu...
.Zagallo se dava tão bem nos dois clubes que jamais se deixou envolver pelo forte clima de rivalidade, que cresceu nos últimos anos com as últimas decisões. Nos anos 1990, Romário e Túlio Maravilha rivalizaram na preferência dos cariocas e na artilharia. No confronto direto, o Baixinho levou a melhor na final da Taça Guanabara, quando fez os três gols da vitória por 3 a 2, único triunfo rubro-negro no ano do centenário. E o camisa 11 tornou-se o segundo maior goleador dos rubro-negros nesse clássico, com 12 gols, perdendo apenas para Zico.

Loco Abreu Botafogo 2010 arquivo (Foto: O Globo) 
Loco Abreu comemora a cavadinha do título no pênalti: Bota vence Fla no Carioca 2010 (Foto: O Globo)
 
Mas no século 21 a rivalidade cresceu ainda mais. Em 2007, 2008 e 2009, os dois clubes decidiram o Estadual, e o Flamengo sagrou-se tricampeão. Em 2007 e 2009, a partida, empatada no tempo normal, foi para os pênaltis, e brilhou a estrela do goleiro Bruno. Em 2008, o Flamengo venceu a partida final por 3 a 1. Mas a grande polêmica aconteceu na decisão da Taça Guanabara.
Você só fica sabendo a importância quando o tempo passa e as pessoas vão lembrando cada vez que estamos na rua."
Loco Abreu, campeão pelo Bota em 2010
Diego Tardelli fez o gol decisivo aos 46 minutos do segundo tempo na vitória por 2 a 1, e o time do Botafogo, além do técnico Cuca e do então presidente Bebeto de Freitas, reclamou do árbitro Marcelo de Lima Henrique, que expulsou dois jogadores alvinegros, e alguns choraram no vestiário, dando origem à provocação do "chororô".
Em 2010, o Botafogo quebrou a série do Flamengo. Ganhou os dois turnos, tal como este ano. E a decisão da Taça Rio, contra o rival, tornou-se inesquecível. O time venceu por 2 a 1 com direito a gol de pênalti do atacante uruguaio Loco Abreu, que usou a sua tradicional cavadinha e superou o goleiro Bruno, até então vitorioso contra o rival nas penalidades. O atacante conta que sentiu a rivalidade á flor da pele.
- O Botafogo vinha sofrendo nas decisões com o Flamengo, que tinha um timaço e era dado como favorito. Quando ganhamos, consegui fazer o gol do título, que foi especial. Mas você só fica sabendo a importância quando o tempo passa e as pessoas vão lembrando cada vez que estamos na rua. No dia a dia, dava para perceber que, dos três clássicos que temos, o mais importante para o torcedor era esse (contra o Flamengo)  - afirmou o atacante uruguaio, de volta ao Nacional, do seu país.
Este ano, o Botafogo levou a melhor no último confronto com o Flamengo. Com o camisa 10 holandês Seedorf no comando, venceu por 2 a 0, gols de Júlio Césa e Vitinho, e depois conquistou o Carioca diante do Fluminense. Mas o duelo promete mais encontros emocionantes. Afinal, foi num Botafogo x Flamengo em 1997 que os alvinegros venceram os rivais com o time reserva por 1 a 0. Gol de Renato, conhecido como Pé Murcho. São histórias como essas que deixam mais viva ainda a rivalidade. Seja em placares apertados ou goleadas. Que não começaram no duelo dos 6 a 0. Muito antes, nos anos 1920, os dois clubes já haviam trocado penca de gols. Em 1926, o Flamengo venceu o Botafogo por 8 a 1. No ano seguinte, os alvinegros devolveram: 9 a 2.  Coisas de um Botafogo x Flamengo.

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