Quando parecia não haver mais esperança, uma mulher foi encontrada
viva 17 dias após o desabamento de um edifício em Bangladesh, que deixou
mais de mil mortos. Ela foi resgatada nesta sexta-feira e levada às
pressas ao hospital, sob os aplausos da multidão. Identificada como
Reshma, a sobrevivente foi encontrada entre uma viga e uma coluna em uma
sala de oração muçulmana, segundo agência Associated Press (AP). Em
entrevista à TV local Somoy, ela disse que tentava avisar as equipes que
estava viva, mas ninguém a escutava.
-
Eu escutava vozes das equipes de resgate nos últimos dias. Continuei
batendo nos destroços com barras de ferro e pedaços de madeira para
tentar atrair a atenção - disse ela, rodeada por uma equipe de médicos. -
Ninguém me escutava. Foi muito ruim. Nunca pensei que iria ver a luz do
sol novamente.
Reshma acrescentou que teve acesso a garrafas de
água e comida desidratada quando estava presa nos escombros, o que
salvou sua vida. A jovem contou que havia mais três pessoas com ela, mas
que nenhum teria sobrevivido.
- Nos últimos dois dias, não tive
nada a não ser água. Eu tomava uma quantidade limitada de água por dia
para economizar. Havia algumas garrafas de água ao meu redor - contou.
Quando
ouviram os gritos de socorro, as equipes de resgate ordenaram que os
trabalhadores parassem de operar guindastes e escavadeiras. Eles usaram
serras manuais para retirar Reshma dos escombros. Abdur Razzak, do
departamento de engenharia das Forças Armadas, disse que,
milagrosamente, a mulher estava bem, não tinha ferimentos graves e
conseguia andar.
Trabalhadores contaram que estavam se preparando para quebrar uma grande laje de concreto quando a mulher foi descoberta:
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Quando estávamos limpando os escombros, gritamos para checar se alguém
estava vivo. Então, ouvimos a mulher dizer. “Por favor, salve-me” -
disse um funcionário não identificado a uma TV local.
Equipamentos
de detecção de vídeo e áudio foram usados para localizar sua posição
exata. Socorristas viram uma mulher acenando com a mão. Ela gritou “eu
ainda estou aqui” e disse que seu nome era Reshma.
Enquanto era
resgatada, a mulher recebeu água e biscoitos. O chefe dos bombeiros,
Ahmed Ali, afirmou que, durante esses 17 dias, Reshma pode ter bebido a
água que escoava para dentro do edifício que era jogada pela própria
equipe de resgate. O último sobrevivente havia sido encontrado em 28 de
abril, quatro dias depois da tragédia. Ele, no entanto, acabou morrendo
durante o resgate devido a um incêndio.
Mais de duas semanas após o
acidente, os corpos ainda estão sendo retirados dos escombros do
complexo Plaza Rana. Nesta sexta-feira um porta-voz da sala de controle
de coordenação da operação informou que o número de pessoas mortas subiu
para 1.038.
Cerca de 2.500 pessoas foram resgatadas do prédio, no
subúrbio industrial de Savar, a cerca de 30 quilômetros a nordeste de
Daca, incluindo muitos feridos, mas não há um número oficial estimado
dos desaparecidos no desastre.
A queda do prédio foi o pior
acidente industrial do mundo desde o desastre de Bhopal, na Índia, em
1984, e mais corpos podem estar entre os escombros.
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